sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O que deixar para trás?

O que o Enem representa hoje no Brasil não preciso nem falar, todo jovem tem conhecimento de como essa prova é importante para ingressar em uma faculdade federal.
A cada vez que o Sisu abre inscrições meu coração gela um pouquinho, eu sempre acho que não estudei o suficiente e que poderia ter dado o melhor de mim para embarcar no que realmente quero. 

Ano passado, fiz o Enem pela primeira vez. Minha nota não foi uma das melhores, mas ainda assim consegui me classificar para uma faculdade tecnológica em Santo Antônio de Pádua (que fica no interior do Rio, quase na divisa com Minas Gerais). Eu tinha 17 anos e me vi em uma das decisões mais difíceis e importantes que precisava tomar, e tomei. Não fui. Passei o ano inteiro a remoer minha decisão. Digo que perdi um ano da minha vida, mas sempre acreditei que Deus tem os melhores projetos para nós. Mas também sempre me perguntei se essa teria sido uma oportunidade que passou e que eu não teria mais.

Pra ser sincera, não me dediquei nada para o Enem desse ano e passei a dizer que "qualquer faculdade que eu passar eu vou, do norte ao sul do país". Eu só queria passar em alguma. Ver os olhinhos da minha mãe brilharem de orgulho e contar para toda família como ela sempre faz nas minhas conquistas. E para minha surpresa, minha nota foi bem maior que a do ano interior!
Acontece que a cada ano as pessoas se preparam mais, e eu fiz totalmente o contrário. Com a minha nota desse ano conseguiria fácil uma UFRJ ou UFRRJ, mas as notas de corte aumentaram e a cada dia que entrei nesse site do Sisu eu sentia um aperto por ver que minhas opções no Rio eram sempre cortadas.

Penúltimo dia de inscrição e resolvi olhar outras faculdades, outros estados. E achei. Me inscrevi. E no momento estou classificada em SEXTO LUGAR em um total de 28 vagas. Ah, já falei que é pra Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul? Pois é! Claro que comemorei, e contei pra minha mãe. E vi mais uma vez aqueles olhinhos brilharem de felicidade e lacrimejarem de medo, mas persistirem em dizer: A decisão é toda sua filha, escolhe o que vai te fazer feliz!

Mais uma vez estou aqui. Medo. Confusão. Angústia. Felicidade. Orgulho. Insegurança. Procurando repúblicas para estudantes. Pesquisando sobre o lugar. Procurando passagem aérea.
Quando o resultado sai tudo tem que ser muito rápido, em menos de uma semana você precisa estar no lugar fazendo a sua matrícula.
Sair da minha zona de conforto para cair numa aventura, um lugar onde não conheço nada, ninguém e a única coisa que sei é que tenho um tio-avô por lá. Já disse aqui no blog sobre a minha relação com a minha mãe, sempre fomos só nós duas. Eu por ela. Ela por mim. E agora, eu me vejo (mais uma vez) sem saber como deixa-la aqui.

Isso sem contar no Matheus, nós já namoramos a distância no período de um ano, mas claro que nada comparado ao estar em outro estado. Sei que temos maturidade para lidar com isso e mesmo que a saudade vá ser enorme, isso me conforta. Conforta porque sei do tamanho do nosso amor, da certeza que a cada vez que eu voltar ele vai estar a me esperar. E que cada reencontro nosso vai ser uma explosão de amor!

O resultado ainda não saiu, mas é muito difícil que eu não seja classificada pela posição em que estava. Essa sensação de "deveria ter estudado mais e conseguir algo pro Rio" aperta meu coração.

E a dúvida de mais uma vez deixar a minha faculdade para trás e permanecer no aconchego do meu lar e do meu amor; ou simplesmente, ir. E voltar daqui quatro anos.




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